domingo, 17 de novembro de 2013


Néctar de Letras e de Imagens:

Do Tempo e das Temporalidades I

Ana Maria Haddad Baptista



Natureza em Movimento




Portugal
Rios que fluem 



Jardins de Dublin 
 movimento

Em algum momento do passado da humanidade, certamente, alguém contemplando o mar, ou, contemplando a natureza como um todo, pensou: em que reside o movimento? A Terra, o Universo e tudo o que nos rodeia são processos fixos ou mutáveis? E, possivelmente, vieram as primeiras ideias, mesmo que vagas, de um tempo. Pelos registros que sobreviveram até hoje, tudo indica  que os habitantes mais antigos da Terra pensaram que tudo fosse fixo. O conceito da fixidez. Da imutabilidade. Da constância. Do que não muda. Nossos ancestrais não tinham como imaginar, diante das condições objetivas  que se mostravam naquele momento, que, na verdade, tudo está em perpétuo movimento. Uma das primeiras imagens de movimento foi dada por Heráclito. Os famosos rios que fluem. E como tais... nunca mais são e serão os mesmos.
Possivelmente, tudo indica, deve ter vindo o conceito da repetibilidade cíclica. O dia e a noite. O nascimento e a morte. Os ciclos constantes da natureza. Processo que partem e, depois, voltam.
Modernamente  a humanidade tem abstração suficiente para definir um tempo que pertence somente a cada um de nós. O famoso tempo subjetivo. Tempo em desacordo com relógios. Tempo em desacordo com a natureza. Tempo em desacordo total com qualquer conceito que venha de fora. O tempo subjetivo diz respeito a como cada um de nós sente o tempo. O sentir de uma temporalidade que nos diz respeito num certo momento, uma espécie de temporalidade circunstancial, como por exemplo:
“Para mim, o tempo é fim. Ele determina em minha vida a passagem das coisas, das pessoas, dos momentos...Desde que me dei conta do tempo e passei a senti-lo como se suas garras  tomassem minha vida aos poucos, percebi o quanto ele é rápido.” (aluna da UNINOVE/2o. Semestre noturno)
O tempo é uma dimensão da humanidade tão paradoxal que poucos se atrevem a discuti-lo. Contudo, Paulo Ricoeur, entre tantos outros, grande estudioso e pesquisador do assunto, possui um dos mais belos conceitos a respeito do tempo: “Continuo a pensar que existirão sempre duas leituras do tempo: uma leitura cosmológica e uma leitura psicológica, um tempo do mundo e um tempo da alma. E que o tempo escapa à pretensão de unificação. O que me conduz diretamente ao tema kantiano da imperscrutabilidade do tempo: o tempo avança, corre, e até o fato de dele se falar só através de metáforas mostra que não temos domínio sobre ele, não apenas prático, evidentemente, ou instrumental, como também conceptual.”






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