sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Educadores, cordeiros e submissão


Ana Maria Haddad Baptista


Sempre detestei fórmulas e classificações. Via de regra, elas  apontam para esquemas estabelecidos e rígidos. No entanto, o bom e saboroso Jorge Luís Borges fala de classificações com tanta ironia que sou obrigada a reconhecer, cada vez mais, que podemos falar a respeito do assunto. Na esteira de Borges, reconheço, proponho a minha classificação:
a. Educadores  cordeiros: o que amam as fórmulas estabelecidas. Adoram livros que trazem os exercícios prontos e com  respostas curtas e incontestáveis. Amam livretos com textos recortados por outros autores e que já indicam leituras aos alunos. Nessa medida, arrisco a dizer, com certa segurança, que tais educadores clamam, sempre, por vale coxinha, por um convênio dado pela empresa ou pelo governo e, principalmente, adoram uma cesta básica. Quanto mais fácil e tudo o que for doado, tanto melhor para eles. Tais educadores adoram pedir auxílio para o que quer que seja. E mais: somente produzem qualquer texto se publicados nas tais revistas indexadas. Palestras somente se aparecerem na mídia. Verdadeiros carneiros a serviço do estabelecimento de toda e qualquer forma de poder. Odeiam arriscar. Desconfiam eternamente de seus alunos.  Adoram colocar ‘peninhas’ e ‘fiapos de lã’ em suas avaliações.
b. Educadores girafas: são aqueles que vivem em busca de caminhos desconhecidos e jamais trilhados. Ousam. Recusam o estabelecido. Tais como as girafas...de repente mudam de direção sem comunicar o bando! Amam seus alunos por eles mesmos. Angustiados, sempre, à procura de melhorar o mundo. Buscam, fundamentalmente, valores. Fixar valores que, realmente, reduzam miserabilidades. Mas. Escolhem seus destinos, seus caminhos, sua comida, suas roupas. Inventam avaliações criativas e úteis. Conquistam o mundo naturalmente.