terça-feira, 12 de novembro de 2013

4. Néctar de Letras: Da Interpretação I




O que é interpretar?

Interpretar é dar sentido ao universo... a tudo o que nos rodeia. Na verdade, olhamos para o mundo de forma interpretativa, mesmo, que isso, evidentemente, possa ter diversos níveis, como veremos no decorrer deste texto. Talvez a interpretação seja um dos atos mais imprescindíveis do pensamento humano. Parece-nos condição de existência a todo e qualquer instante estarmos interpretando o mundo que nos cerca. Naturalmente existem muitas perspectivas para estar se falando de interpretação.
Interpretação, seguramente, está estritamente conectado com significação. É a interpretação que dá sentido ao nosso universo, é ela que faz significar, é ela que faz com que possamos construir sentidos. Podemos nos relacionar com qualquer coisa que seja de diferentes maneiras. Podemos olhar para o céu apenas para observar se vai chover ou não. Podemos olhar para o céu de forma relaxada e buscar nuvens. Talvez construir formas  ou não em relação às nuvens.

Podemos olhar para o céu para observar um crepúsculo ou um amanhecer. Podemos olhar para o céu como uma criança, buscando, talvez, a lua ou uma estrela qualquer. Podemos olhar para o céu por pura contemplação.
Ao observar um cavalo, por exemplo, pode-se observá-lo, apenas, em sua aparência: sua cor, crina, casco, tamanho, assim como posso pensá-lo enquanto um verdadeiro símbolo de liberdade. Ou apenas pensá-lo e relacioná-lo como um meio de transporte.
Quando olhamos para um quadro abstrato, caso não tenhamos algum repertório, poderemos achá-lo um amontoado de rabiscos e cores sem o menor sentido. E nos perguntamos: o que podem significar tais montes de rabiscos?
Logo, fica evidenciado que vários podem ser os ‘olhares’ a respeito de qualquer coisa. Entretanto, a materialidade do objeto a ser contemplado não pode jamais ser desconsiderada.
Nessa medida, se olharmos para um cavalo, não podemos afirmar que estamos diante de um camelo. Se estivermos diante de um copo não podemos afirmar que estamos diante de uma garrafa. Se contemplamos um quadro vermelho, não podemos dizer que o quadro  é azul. Há uma convenção existente. Há uma história anterior ao nosso nascimento que já estabeleceu determinadas coisas que  estão convencionadas. Quando nascemos damos, em certa medida, uma continuidade a uma história, em diversos sentidos, que teve um início. Não podemos interpretar o mundo a nossa volta da forma que quisermos. Insisto: existe uma objetividade, fisicalidade e materialidade de objeto (no amplo sentido da expressão) que deve ser respeitada.  Se observo uma ponte não posso dizer que ali se encontra uma flor e assim por diante. Nada mais ingênuo, reducionista e perigoso do que se afirmar que cada um interpreta o mundo como lhe convém e de acordo com seus valores.
Ou alguém dizer que possui a sua própria verdade, independente das verdades relativas do mundo. Afinal, depois da teoria da relatividade tudo é relativo...Será? Tais tipos de afirmações são perigosas e não correspondem, estritamente, ao que se entende por uma interpretação próxima à significação.
Mesmo em se tratando de texto literário, ou seja, uma produção de discurso que possibilita diversas leituras não podemos dar ao sentido denotativo do discurso a leitura que bem entendermos. 

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