sábado, 19 de novembro de 2016


Educação: Dos encontros necessários


Ana Maria Haddad Baptista



O mar...um encontro. Os alunos...encontros primordiais. Os rios...encontro com as profundezas e seus mistérios. E, talvez, o melhor de todos: o encontro com a  literatura.  "A poesia não deve mudar o mundo nem sequer melhorar a condição humana, tampouco ser uma alternativa, mas simplesmente uma medicina naturans, uma saída do círculo impossível do destino. A poesia destrói a ilusória escala de valores ditados pela moda, inverte o avesso mediante o retorno da tradição, recusa o perigoso jogo de dados"...adverte o grande poeta romeno George Popescu.
Nessa medida, encerramos o semestre no curso de Letras da Universidade Nove de Julho com um belo sarau. E o mesmo poeta romeno nos diz (depois de seus encontros com o silêncio):


Prova de Homem

Na densa e silenciosa escuridão como a noite
de um amor desperdiçado
sequer uma palavra
só o nariz erguido na direção de um céu invisível

zigoma apertado nesta imagem
que cai no teu ventre como um cão
magoado na soleira de sua última vontade
de torna-se homem.






sábado, 5 de novembro de 2016

Dos Encontros: Carteiro Imaterial



Ana Maria Haddad Baptista




         

Diz-nos Octavio Paz, o fascinante em todos os sentidos, que a vida de um homem poderia ser resumida, facilmente, pelos encontros que sua vida possibilitaria. E diante de um mundo que nunca nos pareceu tão caótico, historicamente solitário, encontramos Carteiro Imaterial, Marco Lucchesi, da editora José Olympio.
         




Trata-se de uma obra de ensaios. O que mais nos espanta, não há dúvidas,  é a extrema coragem, de nos dias atuais, um escritor lançar um livro de ensaios. E pasmem! Um livro sério! A unidade da obra, em especial, está na erudição e no constante diálogo com a tradição e com memórias.  Destaco, entre os muitos e muitos ensaios do livro, JGR: sertão ocultado demais. Este ensaio me toca mais de perto. Lucchesi vai nos falar, entre outras coisas, da  ambiguidade de Diadorim no único romance de Guimarães Rosa, ou seja, Grande Sertão Veredas. Nas palavras do autor: "Trata-se de uma prosa que se deseja interminável, produtora de poético fascínio e tensão, cuja leitura se desdobra em múltiplas camadas e apelos, atraída pelo polo magnético da espessa matéria semântica". A ambiguidade está no ponto em que o jagunço, na dúvida de sua identidade sexual (amorosa) e que inclui Diadorim, deixa de lado o maior amor de sua vida. Deixa de vivê-lo por puro preconceito.  O que pode um preconceito? Destruir sonhos, paixões, amores, famílias e tudo o que envolve a felicidade. E as paixões alegres. Os encontros (dos mais variados) ganham materialidade aos descobrirmos, por exemplo, que alguma coisa em nossa interioridade ficou mais inquieta, mais rica e dialoga com outras vozes. Foi o caso do feliz encontro com Marco Lucchesi, alunos e professores da Universidade Nove de Julho. E, claro, Carteiro Imaterial !