Néctar de Letras
1. O eterno fascínio da Literatura
Qual o efeito
concreto da Literatura em nossas vidas? Por que lemos? Afinal... qual seria o
recorrente fascínio pela Literatura? A Literatura é uma linguagem que exige de
nós um certo grau de introspecção pouca alcançada em outras. Exige concentração
em diversos níveis. Passado, presente e futuro dançam e pululam enquanto os olhos correm pelas letras em seu
processo linear. Enquanto os olhos percorrem as
letras...sonhos, devaneios, exercícios mentais misturam-se e coexistem como numa dança sem coreografia
definida.
Ao depararmos com
um bom texto literário nossos anseios se desdobram ante um universo de grandes
incertezas. A Literatura abala, quando não...dissolve nossas maiores certezas a
respeito de algo, em especial, abalam nossas verdades mais íntimas. Por isso
que, via de regra, o bom texto literário é provocante. Fere. Machuca. Leva ao
desespero. Por um outro lado somos, necessariamente, levados a pensar que não
estamos sozinhos na empreitada da vida. Talvez por isso Octavio Paz tenha
escrito O labirinto da solidão...como uma única saída para se sair dele! E
Gabriel Garcia Marquez Cem anos de solidão! As duas obras em referência, por
exemplo, reforçam, magistralmente, a inescapável condição humana: nascemos sozinhos, morremos sozinhos.
Mas a Literatura
percorre outros caminhos, como por exemplo o da linguagem. Bons escritores são
verdadeiros professores de língua quando desmontam as estruturas gramaticais
vigentes e, muitas vezes, completamente desgastadas, inventando novas formas de
nomearmos o mundo. Novas formas de expressarmos sentimentos. Novas formas de
humanizar o mundo. José Saramago inventou um forma de pontuação que dá maior
expressividade à temporalidade interna e subjetiva. Por meio de Saramago
penetramos em extratos subjetivos que anteriormente estavam sob outros ângulos.
Nessa medida, outras facetas de nossa interioridade puderam ser mais conhecidas
por todos que saboreiam livros do autor português.
A Literatura pode
ser um caminho aberto para a fantasia. Neste sentido, quando a realidade está
pesada demais. Densa. Obscura. Um livro de Cecília Meireles poderá suavizar o
real e nos levar para um plano de
fantasias que atenuam nossos sentimentos, muitas vezes, degradantes.
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