Educação, tempo-memória e literatura
Ana Maria Haddad Baptista
Ilha Azul/Rose Marie Silva Haddad |
Ser um educador
implica, fundamentalmente, em grandes alegrias. Spinoza diria paixões alegres.
As paixões alegres potencializam o ser. E meus alunos, via de regra,
potencializam meus atos e minhas ações.
Meus alunos sempre vão além de minhas expectativas, visto que sempre acreditei
neles.
Após uma aula a
respeito de tempo-memória em Giorgos Seféris, escritor grego moderno e grande
memorialista, pedi aos estudantes do curso de Tradutor Intérprete, noturno, da
Universidade Nove de Julho, que me escrevessem uma reflexão sobre o
tempo-memória. Transcrevo, com imensa satisfação, os textos produzidos:
“Podemos dividir o
tempo entre racional e irracional. O primeiro permite ao homem criar situações
em que usa o tempo a seu favor, enquanto o segundo é controlado pelo período
temporal.
Associamos o
tempo-memória com a racionalidade. O ser humano, único ser racional, tem a
capacidade de usar a memória para escolher como
usufruir do tempo. Um exemplo seria a rotina diferenciada de cada
indivíduo que consegue se adaptar, apesar de suas necessidades fisiológicas, a
fim de satisfazer suas vontades.
Do ponto de vista
irracional, podemos exemplificar o tempo como a evolução de uma largada que é,
involuntariamente, controlada pelo agir do tempo. Suas metamorfoses acontecem
independentemente de uma memória cerebral. Mas no decorrer do tempo desenvolve
em seu instinto. O mesmo seria aplicado às tartarugas marinhas que ao sair de
seus ovos, no tempo determinado pela natureza, se dirigem diretamente, pela
primeira vez, ao mar sem nenhuma memória prévia.”
Caroline Lima Sousa
Diva Maria Nolasco
Hellen Sofhia dos
Santos
Jennifer Morais de
Melo
Letícia Cravo
Marani
Michele Ariane
Freitas Soares
“A definição de
tempo na história do homem sempre foi cheia de significados de acordo com
diversas culturas e épocas, mas ainda muito vaga. O homem tem a necessidade de
utilizar a unidade de medida para mensurar o tempo. Mas...com uma breve
reflexão volta-se à estaca zero. Torna-se muito difícil defini-lo.
Podemos dizer que o
ser humano tem em comum a percepção internalizada de tempo, como por exemplo:
bons momentos vividos passam rápido, momentos ruins demoram a passar. Tal
dilatação do tempo é sentida individualmente. O tempo não mudou.
No caso das
memórias elas dão a percepção de passado e futuro. O presente se torna algo tão
próximo, quase tangível, ao se perceber que ele se torna o passado que nos
impulsiona para o futuro.”
Bruno Gonçalves
Hanna Lima
Alexandre Passos
Filipe Melo
Mayara Lanfrandi
Júlio Brandão
Fernando Sampaio
“Não há como
definir exatamente o que seja o tempo, pois ele não tem corpo, vida, talvez
apenas o nome ‘tempo’.
Identificamos o
tempo por várias faces. O desenvolvimento de um simples botão ou semente
tornando-se um gigante verde que conhecemos como árvore. Imaginamos, muitas
vezes, o que acontece durante todo o nosso desenvolvimento desde a infância até
a maturidade. Por que não atentamos para uma semente que se torna uma árvore?
Assim como não
lembramos de todas as nossas experiências, como os primeiros passos, a primeira
palavra, no entanto...lembramos da primeira professora, da primeira bicicleta,
do primeiro amor.
Nosso conhecimento
de mundo associado às nossas lembranças nos levam à transitoriedade do
presente. As lembranças representam a nossa identidade. Somos o resultado do
que vivemos no passado refletindo no presente e futuro. Gabriel García Márquez afirmou: “eu te amo
não pelo que você é...e sim pelo que sou quando estou com você.”
Angela Wright
Ailton Lopez
Stella Ferreira
Patrícia Albarez
Rosemeire Bela
“Ao contrário dos
demais animais , o ser humano tem a capacidade de refletir profundamente sobre
o tempo e suas memórias. Mesmo assim é impossível definir o tempo com exatidão.
O tempo é subjetivo aos seres.
Analisamos nas
atitudes dos animais de estimação uma certa noção de tempo quanto às atividades
cotidianas, por exemplo, o horário de chegada de seu dono em casa. Percebe-se
uma ansiedade por parte do animal com a proximidade da hora de chegada. Não
sabemos, porém, se isto é uma questão refletida ou fisiológica. Quanto à
memória também há esta ligação. O animal associa o som do pote de ração com a
hora de comer. A coleira com a hora do passeio e a caixa de transporte com o
veterinário. Isto devido a experiências passadas por ele.
Já o ser humano
possui a capacidade de análise dos fatos de forma mais pensada e, por causa
disso, consegue desenvolver culturas tão complexas quando existem hoje. E a capacidade
de transmissão de acontecimentos e experiências passadas por gerações.”
Priscila Belcaro
Miranda
André Felipe L.
Moniz
Declaro, diferentemente dos educadores urubulinos, que os textos em referência,
produzidos em apenas duas aulas... tiveram somente pequenas correções de
pontuação. Não encontrei nenhum, absolutamente, nenhum erro de grafia ou concordância.
Meus alunos estão de parabéns! Eis a prova concreta de que alunos devidamente
estimulados produzem textos bons. E, sobretudo: sabem pensar...Nada mais abstrato
do que pensar o tempo-memória!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSe já me chamam de "puxa-saco", agora permito que me chamem com propriedade.
ResponderExcluirSou mesmo!
Quem dera termos mais educadores como vc, Ana. Quem dera...
Beijos
Nós é que somos privilegiados por termos uma professora como você!
ResponderExcluirbjs
Rosemeire
Considero-a uma grande batalhadora!
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