Néctar de
Letras: Saudades de Saramago
Ana Maria
Haddad Baptista
Quando Saramago era vivo vivíamos esperando, com
ansiedade, um novo livro. Uma nova abertura para o mundo. Um novo olhar!
Saramago, hoje, nada no nada. Poucos restaram com
sua lucidez. Mas suas obras ficaram. Suas palavras serão, sempre, de alguma
maneira, recordadas. Verdadeiros estímulos para que tenhamos coragem de
desafiar o cotidiano: "O pinto pinta, o músico faz música. o romancista escreve
romances. Mas acredito que todos nós temos alguma influência, não pelo fato de
sermos artistas, mas por sermos cidadãos. Como cidadãos, todos nós temos a
obrigação de intervir e de nos envolver. É o cidadão que faz as coisas mudarem.
Não consigo me ver fora de nenhum tipo de envolvimento social ou político. Sim,
sou escritor, mas vivo neste mundo, e minha escrita não existe em um plano
separado deste. Temos de continuar protestando, protestando, protestando. Não
há outra saída que não seja dizer que não queremos viver em um mundo como este,
com guerras, desigualdades, injustiça e a humilhação a que são submetidos
diariamente milhões de pessoas que não têm esperança, que a vida é o que de
melhor existe. Temos de expressá-lo com veemência e passar os dias nas ruas se
for preciso até que os que estão no poder percebam que o povo não está
contente."
Saramago escreveu o texto em questão no ano de
2006. Infelizmente... é atualíssimo!