Educadores,
cordeiros e submissão
Ana
Maria Haddad Baptista
Sempre detestei fórmulas e classificações. Via de regra,
elas apontam para esquemas estabelecidos
e rígidos. No entanto, o bom e saboroso Jorge Luís Borges fala de
classificações com tanta ironia que sou obrigada a reconhecer, cada vez mais,
que podemos falar a respeito do assunto. Na esteira de Borges, reconheço,
proponho a minha classificação:
a. Educadores
cordeiros: o que amam as fórmulas estabelecidas. Adoram livros que
trazem os exercícios prontos e com
respostas curtas e incontestáveis. Amam livretos com textos recortados
por outros autores e que já indicam leituras aos alunos. Nessa medida, arrisco
a dizer, com certa segurança, que tais educadores clamam, sempre, por vale
coxinha, por um convênio dado pela empresa ou pelo governo e, principalmente,
adoram uma cesta básica. Quanto mais fácil e tudo o que for doado, tanto melhor
para eles. Tais educadores adoram pedir auxílio para o que quer que seja. E
mais: somente produzem qualquer texto se publicados nas tais revistas
indexadas. Palestras somente se aparecerem na mídia. Verdadeiros carneiros a
serviço do estabelecimento de toda e qualquer forma de poder. Odeiam arriscar.
Desconfiam eternamente de seus alunos.
Adoram colocar ‘peninhas’ e ‘fiapos de lã’ em suas avaliações.
b. Educadores girafas: são aqueles que vivem em
busca de caminhos desconhecidos e jamais trilhados. Ousam. Recusam o
estabelecido. Tais como as girafas...de repente mudam de direção sem comunicar
o bando! Amam seus alunos por eles mesmos. Angustiados, sempre, à procura de
melhorar o mundo. Buscam, fundamentalmente, valores. Fixar valores que,
realmente, reduzam miserabilidades. Mas. Escolhem seus destinos, seus caminhos,
sua comida, suas roupas. Inventam avaliações criativas e úteis. Conquistam o
mundo naturalmente.